O achado
A escavação arqueológica no Largo do Arrabalde colocou a descoberto vestígios do Balneário Termal de Aquae Flaviae. As escavações realizadas revelaram uma das maiores e mais bem preservadas termas medicinais até agora conhecidas nas províncias da Hispânia Romana.
No exterior do complexo termal e inserida num pórtico semicircular (êxedra), pode observar um interessante poço/nascente monumentalizado, denominado de ninfeu, um pequeno templo consagrado às Ninfas, divindades da água, mas também as guardiãs deste lugar telúrico. Este poço de planta retangular, em opus caementicium, com um 1,70m de profundidade, era cheio de água termal através de um orifício existente no fundo. Um outro orifício no topo de uma das paredes garantia o escoamento do excesso de água. O remate é feito por uma estrutura de tipo altar onde se destaca um tímpano triangular decorado com uma rosácea.
Estrutura em opus caementicium (betão romano) com pilares de reforço em opus quadratum (em pedra) do lado e, originalmente, revestidas a opus signinum (revestimento impermeável). Estava coberta por uma grande abóbada de canhão em opus laetericium (alvenaria de tijolo) revestida a opus signinum.
Estrutura em opus caementicium (betão romano) revestida a opus quadratum (em pedra). Dispõe de degraus a toda a volta e é construída diretamente sobre as nascentes, tendo no fundo uma série de pedras de grandes dimensões sobre a qual existiria um solho em madeira que impedia que os aquistas queimassem os pés quando tomavam banho.
Pequena piscina com 2,90 m de comprimento e 2,41m de largura à qual se acedia por uma estreita escada que nasce na borda da Piscina A. Esta piscina, um pouco mais funda do que a Piscina A, seria para banhos em pé com imersão total do corpo e uma temperatura superior. As paredes eram revestidas a opus signinum.
Estruturas de pequenas dimensões, em torno da Piscina B, em opus quadratum e revestida a opus signinum. Estas permitiam o banho individual.
Estruturas de pequenas dimensões, em torno da Piscina B, em opus quadratum e revestida a opus signinum. Estas permitiam o banho individual.
Estruturas de pequenas dimensões, em torno da Piscina B, em opus quadratum e revestida a opus signinum. Estas permitiam o banho individual.
Estruturas de pequenas dimensões, em torno da Piscina B, em opus quadratum e revestida a opus signinum. Estas permitiam o banho individual.
Estruturas de pequenas dimensões, em torno da Piscina B, em opus quadratum e revestida a opus signinum. Estas permitiam o banho individual.
Estruturas de pequenas dimensões, em torno da Piscina B, em opus quadratum e revestida a opus signinum. Estas permitiam o banho individual.
Estruturas de pequenas dimensões, em torno da Piscina B, em opus quadratum e revestida a opus signinum. Estas permitiam o banho individual.
Sala abobadada com quinze metros de comprimento e dez de largura e pavimento em opus signinum. No chão existem duas caixas de visita para fazer divergir água termal da conduta que abastece a Piscina A para as cloacas. Era aqui que as pessoas se despiam para entrar nas piscinas, guardando as suas roupas.
Reservatório (castellum aquae), com fundações em opus caementicium e elevação em opus quadratum. Tinha como função a distribuição da água mineromedicinal, a partir de um poço de captação localizado imediatamente a sul desta estrutura, pelas piscinas A, B e C e o escoamento seletivo das mesmas para manutenção e limpeza.
Pátio aberto com cerca de 40m de comprimento e 5m de largura com o pavimento em opus signinum (argamassa à base de telha moída). Do lado direito existia um banco corrido em pedra. Era um espaço movimentado de encontro e convívio, mas também de descanso dos enfermos.
Esta escadaria é o único acesso às termas que se conhece até ao momento. Seria primitivamente composta por quinze degraus em granito.
Corredor com uma abóbada suportado com imponentes colunas com capitéis toscanos com 10m de altura
As cloacas são sobretudo feitas em pedra e tijolo e serviam para encaminhar/conduzir o excedente e as águas sujas para o rio. No balneário foram identificadas 3.
Os materiais utilizados diferem em função da necessidade de resistir a cargas. Assim, nos locais onde as condutas passam sob a parede exterior dos edifícios utilizou-se a alvenaria de pedra (opus quadratum), fora do complexo as condutas são construídas em tijolo (opus latericium).
Este edifício permitia tomar banhos higiénicos com água não medicinal aquecida artificialmente.
Estrutura construída em alvenaria de pedra identificado apenas ao nível das fundações cortado pela construção da piscina A e a conduta de abastecimento da piscina C.
Foi durante a Dinastia dos Severos, entre os finais do século II e o início do século III, que ocorreram grandes obras de renovação do complexo, com a construção do edifício da piscina A, B e piscinas adjacentes, uma grande palaestra (pátio para descanso) e um intrincado sistema hidráulico composto por um reservatório (castellum aquae), várias condutas de escoamento (cloacae) e de abastecimento que ligam os pontos de captação às piscinas.
Trata-se de uma pequena torre em bronze com degraus no seu interior executada em opus interassile, uma técnica originária do oriente próximo e generalizada por todo o império durante o séc. IV d.C., que consistia em recortar uma placa metálica de forma a criar um padrão geométrico ou vegetalista intricado.
A monumentalidade deste conjunto e o espaço relativo que ocupava na cidade romana (cerca de um quinto da área total) refletem o importante papel que as termas tiveram na formação e desenvolvimento de Aquae Flaviae. Tal como noutras grandes estâncias termais do Império Romano, como Bath na Britânia (Aquae Sulis) ou Hamat Gader na Palestina (Aquae Gadaris), o Balneário Termal de Aquae Flaviae tornou-se uma referência ao nível dos cuidados de saúde.
Estamos perante um complexo termal de tipo terapêutico, que se distingue das termas higiénicas comuns a todas as cidades romanas, tanto ao nível da forma como da função.
Da parte do complexo balnear escavada, destacam-se duas grandes piscinas, alimentadas por nascentes termais, e outras de menor dimensão, em torno das quais se organizavam salas dedicadas a diversos tratamentos: banhos de imersão individuais, banhos por aspersão de água, tratamentos de vapor e massagens.
Ao contrário das termas higiénicas, as termas medicinais não apresentam um circuito rígido ou uma sequência padronizada de salas e ambientes. O seu programa arquitetónico era condicionado pela localização das nascentes, pela topografia, pelos tratamentos específicos ministrados, pela temperatura da água e pelo número de utilizadores esperados.
Estas termas tiveram diferentes fases de construção. Na primeira fase, datada do século I, existiram umas termas higiénicas, desta fase, restam alguns vestígios como, um hipocausto, pavimentos de opus signinum e alguns muros, que, entretanto, foram cortados na fase seguinte, bem como um Ninfeu.