A Baixa Idade Média

O espaço urbano “renasceu” nos séculos XIII e XIV, no âmbito da estratégia da monarquia portuguesa de povoamento e defesa da fronteira norte do reino.
O estabelecimento da “Póvoa” de Chaves, nos reinados de D. Afonso III e D. Dinis, traduziu-se na construção do Castelo, com a sua notável torre gótica, erguida na zona mais elevada e no amuralhamento da Vila definindo um recinto sensivelmente retangular.

Na crise de 1383/85, a vila de Chaves toma partido por Castela e é cercada pelas tropas de D. João I onde o local é usado para o assédio à vila. Testemunha deste episódio foi a identificação de uma grande concentração de projéteis de catapulta recolhidos no extremo Noroeste da área de escavação.

Segundo Fernão Lopes, D João I teria mandado construir uma bastida (fortificação provisória em madeira) «cerca da ponte pera defender aquela água e combater a Vila; a qual tinha três sobrados; e soíam-lhe chamar antigamente castelos de madeira. A bastida estava forrada de caniços e carqueja por guarda das pedras como he costume; e homens de armas e besteiros em ela, que usavam de tal defesa que os da vila não podiam tomar agua do rio». Associada a este contexto, foi encontrada uma espora de cavaleiro de tipologia consentânea com este período.

Com a paz e a prosperidade, a vila desenvolve-se e começa a crescer para fora das suas muralhas, será desta altura a construção de uma oficina de ferreiro composta por uma forja e um terreno murado. São vários os materiais associados esta estrutura de combustão, tais como, escórias de fundição, ferraduras e canelos (utilizados nos cascos dos bois) e vestígios de cota de malha.

A área murada corresponderia a uma cerca para guardar os animais. Estas construções marcam o início do Arrabalde das Couraças como área periurbana. A localização deste arrabalde, junto à entrada principal da cidade, era um lugar estratégico para Ferradores, pois era passagem obrigatória para viajantes o atravessamento da Ponte Romana.

Sobre o abandono da oficina de ferreiro, surge uma nova casa, cuja fundação está associada a materiais do séc. XVI, e que tinha adossado um pequeno canteiro. A área murada transforma-se numa horta e a sua ocupação perdurará até à construção da praça-forte seiscentista de Chaves.